quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Top 10 Albuns de drone metal

Top 10 melhores álbuns de Drone Metal de todos os tempos

Drone Metal, ou Drone Doom como é mais conhecido, é um gênero criado no começo dos anos noventa por bandas como Earth e Melvins, que consiste basicamente em possuir musicas extremamente longas e minimalistas com andamentos lentos e bem atmosféricos. É um dos estilos mais pesados que existe, e para uma apreciação mais aprofundada do estilo, é necessário ser muito paciente, já que as musicas podem parecer monótonas para ouvintes de primeira viagem, portanto, esse top dez é ainda mais importante para novatos no gênero, e pode ser interessante para os apreciadores do gênero. Vamos á lista:


10 Earth – Hex or Printing the Infernal Method

De todos os álbuns nessa lista, esse com certeza é o mais acessível, e é a melhor forma de se iniciar no gênero. Earth foi uma banda pioneira no gênero Drone Doom, criando todos os elementos que se tornaram regras nos anos seguintes. Esse é o quarto álbum de estúdio da banda, e faz parte da sua fase “clean”, onde os riffs pesados de outrora deram lugar a um som mais cinemático, com ênfase nos instrumentos acústicos, criando uma atmosfera western que remete aos filmes de faroeste do diretor Sergio Leone. É um álbum incrível, com uma produção impecável.





9 Nadja – Radiance of Shadows
 
Nadja, banda oriunda do Canadá, tem uma discografia extensa, e é uma das poucas bandas de Drone que consegue fundir com perfeição gêneros tão distintos como Shoegaze e Drone Doom. Esse álbum, lançado em 2007 apresenta três canções bem longas que resumem de forma espetacular a trajetória da banda nesse gênero experimental. As paredes sonoras que Aidam Baker cria nessas faixas são absurdamente hipnóticas, equilibrando calma e o peso avassalador da guitarra, que mais parece uma tempestade de trovões, de maneira brilhante. Os vocais esparsos da baixista Leah Buckareff tornam a experiência ainda mais prazerosa.




8 The Angelical Process – Weihing Souls With Sands
 
Toda a emoção contida nesse álbum, que também une com perfeição o Shoegaze e o Drone, é simplesmente sensacional. A atmosfera do álbum é completamente onírica e viajante, levando o ouvinte até o amago de suas emoções, se você estiver em dia com elas. Ao mesmo tempo, as musicas são incrivelmente pesadas, com um vocal feminino que vez ou outra mescla-se com os instrumentos de apoio, criando uma jornada hipnótica que parece elevar a existência do ouvinte á um plano dimensional puramente etéreo. Outro ponto positivo do álbum é o tamanho das canções; a maioria não passa dos seis minutos. Perfeito para aqueles que não têm muito tempo (ou paciência) para escutar um álbum inteiro.




7 BurningWitch – Cripled Lucifer

Essa foi uma das primeiras bandas dos gênios Stephen O’malley e Greg Anderson, os membros fundadores do Sunn O))). Cripled Lucifer é o único álbum da banda (já extinta),de fácil assimilação paraquem aprecia Doom Metal e Sludge, portanto, se você é fã dos gêneros citados, comece á ouvir Drone Metal a partir desse álbum, pois a conversão entre o Sludge Doom e o Drone é mais sutil.
Sempre que escuto esse álbum, fico imaginando que se o Black Sabbath fizesse canções de Drone Doom, o resultado seria semelhante ao que essa banda teve êxito em realizar. Os riffs são extremamente “sabbathicos”, assim como os vocais e o resto dos instrumentos, que possuem uma vibe extremamente mística e mórbida, resultando nessa obscura obra de arte.




6 Jesu – Jesu

Jesu pode não ser necessariamente uma banda de Drone Metal, mas o seu álbum de estreia com certeza tem todos os elementos básicos do gênero. Justin Broadrick conseguiu unir uma serie de elementos de vários gêneros diferentes, misturou-os com Drone Metal e o resultado não poderia ser diferente; esse é um dos melhores álbuns do estilo, assim como também é um dos álbuns mais depressivos dentro do gênero. Todas as faixas são longas, com vocais melancólicos sendo guiados por um baixo extremamente distorcido, que leva o ouvinte a contemplar as melodias melancólicas como se estivesse prestes a cometer suicídio. É um álbum maravilhoso, que talvez não seja recomendado para pessoas clinicamente depressivas.




5 Sunn O))) – White 1

Sunn O))) é uma das bandas que conseguiu trazer popularidade a esse gênero obscuro, e também é uma das poucas bandas do estilo a possuir uma discografia impecável, onde selecionar seus melhores trabalhos costuma ser uma tarefa extremamente ingrata. White 1 é o terceiro álbum da banda, possuindo três faixas extremamente longas que resumem de forma perfeita o tradicionalismo do estilo. Cada uma das faixas explora os elementos que tornam esse gênero o que ele é. A primeira faixa, My Wall, possui um clima apocalíptico bem escatológico, onde o ocultista Julian Cope, narra um poema druídico que cria a sensação de se estar no final dos tempos, e que esse final não vai acabar bem. A segunda, Gates of Ballard, começa com a voz perturbadora da vocalista do Thorr’s Hammer entoando um cântico em uma língua oriental, até que, após dois minutos, sua voz desaparece e dá lugar ao som de guitarras lúgubres acompanhados de uma bateria monolítica extremamente perturbadora. E pra finalizar, a terceira faixa, mais atmosférica, unindo elementos do Dark Ambient, leva o ouvinte até paragens obscuras e extremamente claustrofóbicas, que lembra a ambientação do jogo de terror psicológico, Silent Hill 3.
White 1 é um álbum viciante, e certamente, um dos mais tradicionais do gênero.




4 Khanate – Clean Hands Go Foul

Khanate foi um dos primeiros supergrupos á surgir no Drone Metal. Realizando um som que costuma ser caracterizado como Extreme Drone(onde o objetivo da banda, segundo os membros, era criar musicas para perturbar). O trabalho que Alan Dubin (vocal), Stephen O’Malley (guitarra), James Plotkin (baixo) e Tim Wyskida (bateria) realizaram nos quatro álbuns (um deles na verdade é um EP) da banda, que já não existe, é algo singular, mórbido, e incrível.
O primeiro álbum, “Khanate”, já trazia consigo todo o clima perturbador característico da banda e o segundo, “Things Viral”, evoluiu os elementos do trabalho anterior ao substituir o som distorcido das guitarras por uma ambientação mais etérea e limpa, mas não menos perturbadora. Clean HandsGoFoul, o ultimo álbum da banda, consegue misturar os elementos distorcidos do primeiro álbum mesclando-o com a limpeza do segundo, criado um dos álbuns mais perturbadores de todos os tempos. As canções, apesar de serem caóticas, tem um alto nível estrutural, e possui uma das melhores produções do gênero. É difícil não ficar impressionado com a sequencia inicial dos riffs da primeira faixa “Wings from Spine”(a minha favorita.); é como se alguém batesse uma marreta em seu cérebro. Esse é um dos álbuns mais fascinantes do gênero, e não é indicado para ouvintes de primeira viagem e pessoas sensíveis.




3 Earth – earth 2 Special Low Frequency Version

Se esse álbum nunca tivesse sido publicado, provavelmente muita coisa nessa lista não existiria (a começar pelo Sunn O))), que começou como uma banda cover dessa aqui.), e sem sobra de duvidas esse é o álbum mais influente de Drone Doom de todos os tempos. É o segundo trabalho do Earth, lançado no começo dos anos noventa, equilibrando minimalismo e ambientação poucas vezes vista em uma banda. São setenta e cinco minutos contendo três faixas, que gradativamente se tornam mais longas e atmosféricas. A primeira, tem quinze minutos que jorram riffs repetitivos muito bem feitos, como se fossem uma versão em câmera lenta do Slayer, onde um clima de opressão se torna cada vez mais evidente, até que a musica repentinamente acaba e dá lugar a segunda faixa, com seus vinte e sete minutos de riffs ainda mais repetitivos, com a clara diferença de que são mais lentos e meditativos, com uma leve guinada épica. A terceira faixa entra em cena exatamente onde a anterior termina, atingindo o ápice de minimalismo: durante os trinta minutos da faixa, uma única nota é escutada, como se fosse um acorde infinito, elevando a meditação do ouvinte a níveis extremos, onde se tem a impressão de que o tempo congelou e você é o único a ter consciência disso.
Esse álbum não é fácil de acompanhar, mas se você insistir terá em mãos uma verdadeira jornada meditativa que fará com que sua consciência siga o mesmo caminho contemplativo dos monges do Himalaia.




2 Teeth of Lion Rule the Divine – Rampton

Sem duvidas, esse é o maior supergrupo de Drone Doom de todos os tempos. Lee Dorrian (Cathedral), Stephen O’Malley (Khanate), Greg Anderson (Goatsnake) e Justin Greaves (Eletric Wizard) se uniram para criar um dos melhores álbuns do estilo, usando todas as características tradicionais, com um elemento extra que faz toda a diferença; a bateria de Justin Greaves. O trabalho rítmico que musico trouxe para a banda (que tem o nome baseado em uma das musicas do Earth) é incrivel, tão hipnótico quanto o trabalho das guitarras. Rampton é o único album da banda, que também está extinta, e conta com três faixas altamente atmosféricas, e muito viciantes. A primeira tem quase meia hora de duração, e contem o melhor trabalho de bateria do álbum. Por dez minutos esse é o único instrumento audível, acompanhado de ruídos que gradativamente se transformam nos riffs, que por sinal, são incrivelmente hipnóticos. Em seguida vem a voz de Lee Dorrian, ameaçadora e doentia ao mesmo tempo, com uma letra muito bem feita que aborda temas como drogas. A segunda faixa, um cover do Bulldozer, conta com uma melodia extremamente carismática, contendo um clima bem mórbido e sarcástico ao mesmo tempo. A terceira, que tem um riff idêntico á uma musica do Sunn O))), pode não ser tão cativante quanto as outras duas, mas não deixa a peteca cair por conta dos vocais hipnóticos. Álbum excelente, e novamente, indicado aos apreciadores do gênero, ou pra quem é fã do Lee Dorrian.


Ouça o album aqui

1 Sunn O))) –Monoliths & Dimensions

Como eu já tinha dito anteriormente, é difícil apontar o melhor álbum do Sunn O))), já que todos contam com musicas inesquecíveis, verdadeiras referencias no gênero. Contudo, a evolução da banda é evidente nesse album, lançado em 2009: nenhum dos trabalhos posteriores conseguiu superar o nível das composições aqui presentes. Esse álbum é o ápice de tudo que o Sunn O))) já realizou, e as quatro peças musicais contidas, mostram toda a versatilidade que Drone Metal possui.
A primeira faixa, Arghata, é um exercício de como elevar a ansiedade do ouvinte, enquanto uma voz macabra traz uma narração que remete aos livros de Stephen King. Até o final da musica você ouve um pouco de tudo; guitarras, baixo, vozes, violinos distorcidos e até instrumentos de sopro.
A segunda faixa, Big Church (provavelmente a melhor canção de Drone de todos os tempos, junto de “It Took the Night To Believe” do album Black One) se inicia com um maravilhoso coro feminino, que apesar da beleza e ternura, traz consigo algo sutilmente perturbador; e isso se confirma quando as guitarras entram cena, trazendo uma oração intraduzível que parece ter saído de um plano existencial onde apenas a loucura existe, até que um sino ressoa, trazendo consigo um silencio absoluto. Esse ciclo se repete até o final da musica com seus quase dez minutos.
A terceira, Hunting & Gathering (Cydonia) começa com ruídos desconcertantes, que pouco a pouco dá lugar ao riff principal acompanhado da voz de Atilla Csihar, criando um clima bem headbanger (dá até pra bater a cabeça!).
A ultima faixa, Alice, uma das mais surpreendentes da discografia da banda; uma verdadeira joia da musica contemporânea. É como se o compositor erudito Igor Stravinsky tivesse se aliado ao Stars of the Lid para cria-la. Durante seus dezesseis minutos, a ambientação é exclusivamente etérea, passeando por uma serie de instrumentos eruditos que são guiados pelo sons das guitarras, que são meros coadjuvantes. A atmosfera desta musica é algo lindo, que une com perfeição o Drone Metal com Musica Erudita, e esse é um feito que apenas músicos extraordinários conseguem realizar. Monoliths & Dimensions é um dos melhores trabalhos da década 2000 -2010, e é o melhor álbum de Drone Metal de todos os tempos. Indicado a todos aqueles que apreciam musicas de qualidade.
 

Menções Honrosas: criar esse top dez não foi fácil, e aqui estão algumas das bandas que quase entraram na lista;

Sleep – Dopersmoke: album incrível, com uma única faixa que ultrapassa uma hora de duração. Só não entrou na lista porque é um trabalho mais orientado para oStoner do que para o Drone.

Om –Advaitcs Songs: melhor trabalho da banda, com uma sonoridade oriental incomparável, e altamente meditativa.

Boris –Dronevil: esse álbum duplo traz seis faixas que passeia pelas diversas ramificações do gênero. E como curiosidade, os dois CDs podem ser ouvidos ao mesmo tempo.

Conan – Monnos: provavelmente a banda mais épica do estilo. Esse álbum traz uma sonoridade que emula de maneira precisa o clima dos contos de Robert E. Howard


Sunn O))) – Black One: o que aconteceria se gêneros tão diferentes como o Drone Doom e o Black Metal se encontrassem? A resposta está nesse álbum sinistro, que conta com participações de diversos músicos do Black Metal.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Black sun Void - static disaster

Black Sun Void - Static Disaster

Gênero: Guitar Ambient/Drone/Ambient
Ano: 2016

Static disaster, quarto álbum da banda de Drone Doom/Dark Ambient Black Sun Void, é um dos trabalhos mais diferentes de sua discografia, com uma atmosfera bem diferente dos álbuns anteriores, possuindo uma sonoridade bem menos pesada e opressiva, tendo mais ênfase na melancolia, introspecção e desolação.
Nesse álbum você não vai encontrar guitarras ultra-pesadas e repletas de escuridão, (a escuridão latente da banda ainda continua intocável, mas dessa vez sob uma perspectiva diferente) e sim melodias calmas, tristes, enigmáticas, onde predomina um clima meditativo, bem característico de bandas como Stars of the Lid e Oneirodrome. Tudo isso regado á uma atmosfera bem depressiva e viajante, levando o som experimental da banda á outras paragens até então inalcançáveis.
O álbum começa com a faixa titulo, The Static Disaster, contendo um clima de introspecção que lembra bastante a atmosfera da musica Plague of Angels, do Earth, numa ambientação que leva o ouvinte até algum lugar em que um desastre esta prestes á ocorrer. Essa é uma das poucas musicas do álbum que tem uma guitarra secundaria criando riffs lentos e pesados, colaborando com o clima de calamidade iminente que se estende por seus seis minutos.
A segunda faixa, é uma das mais depressiva do álbum, com um clima bucólico que ameniza a atmosfera opressiva. Alias, quase todo o álbum é permeado por essa ambientação bucólica.
A terceira e a quarta faixas, são as musicas que mais se encaixam no gênero Ambient, sendo mais reflexivas, sem muitas variações.
Já a quinta, Drowning in Fear, contem aquela atmosfera característica das musicas de Dark Ambient da banda, sendo sombria e sufocante ao mesmo tempo. É um dos principais destaques do álbum.
Cursed Days (Personal Hell),e á musica que mais se encaixa na definição Drone, contendo uma guitarra de apoio extremamente suja, enquanto um órgão gera um clima de oposição, criando um contraste interessante de se ouvir.
Já a ultima faixa, Meeting Hateful Spirits, mistura todos os gêneros que citei antes numa mesma musica, numa ambientação enigmática, depressiva e quase monolítica, dada a repetição dos acordes iniciais, que se estendem por toda a musica finalizando esse que é um dos álbuns mais peculiares da discografia do Black Sun Void.


01 The Static Disaster - 06:19
02 Beholding the Hanged Man - 04:47
03 Abandoned in a Mental Hospital - 06:40
04 Hope is my Agony - 05:11
05 Drowning in Fear - 06:19
06 Cursed Days (Personal Hell) - 09:47

07 Meeting Hateful Spirits - 10:44

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Mirani's Ghost - Hallway

Mirani’s Ghost - Hallway

Gênero: Dark Ambient
Ano: 2016

O Dark Ambient, assim como vários outros subgêneros experimentais, como o Drone e o Noise, andam bem saturados nos últimos tempos, com uma enorme quantidade de bandas surgindo com poucas ou nenhuma inovação. Ainda assim, não é muito difícil encontrar algumas bandas interessantes, com musicas que prendem a atenção, mesmo que não tenham nada de novo.
Esse é o caso do Mirani’s Ghost, que pratica um Dark Ambient bem familiar aos apreciadores do gênero, com sonoridades que remetem á vários outros artistas do passado. Felizmente, inovação nunca foi sinônimo de qualidade, e isso faz toda a diferença no som dessa banda.
Hallway é um dos vários álbuns (a discografia da banda totaliza quase cem álbuns e EPs gravados) da banda, e possui uma única musica com mais de trinta minutos, que explora uma atmosfera sutil, bem etérea, e como não podia deixar de ser, sombria e enigmática.
A musica em questão não possui nenhuma característica que já não esteja presente no Dark Ambient, por isso nada aqui chega a surpreender, mas a musica em si pode ser bem relaxante, levando o ouvinte até paragens enevoadas, repleta de castelos desolados, onde espíritos perturbados devem ronda cada cômodo.
A musica se inicia com um vazio musical que aos poucos é preenchido com melodias atmosféricas, gerando um clima enigmático, que pode despertar a curiosidade dos mais aficionados pelo gênero. Depois que as melodias atmosféricas passam a dominar a extensão da musica, o clima de obscurecimento predomina, evocando imagens de fantasmas, mas não de uma forma assustadora, e sim de maneira reflexiva, como se eles não representassem nenhum tipo de ameaça.
Contudo, mesmo com essa aura assustadora, essa musica é bem mais dócil do que muitas outras do gênero, chegando a ser tranqüilizadora até, sem aquele clima perturbador que bandas como Lustmord, Inade ou Yen Pox são mestres em criar.
Recomendo esse álbum principalmente aos apreciadores do gênero.


01 Hallway - 32:11

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Black sun Void - Spectral

Black Sun Void - Spectral

Gênero: Drone Doom/Dark Ambient
Ano: 2016

Spectral é o terceiro álbum de estúdio do Black Sun Void, e um dos mais espetaculares de sua extensa discografia, a começar pela capa; fantástica por si só.
O álbum tem apenas três musicas bem longas, e ao contrario do trabalho anterior, Waves of Blood, as faixas são bem mais desenvolvidas, sem aquele clima caótico e altamente experimental que dominava cada aspecto das musicas do álbum anterior. Spectral também é diferente do primeiro álbum, que tinha uma atmosfera meio Doom Metal, e dessa vez, o protagonista da vez é o gênero Drone Doom, que aparece em sua forma mais tradicional, bem semelhante ao que bandas como Sunn O))) (principal influencia da banda), Nadja e Black Boned Angel praticam.
Uma outra coisa diferente nesse álbum em comparação com anterior é que os vocais retornaram, deixando a assimilação das musicas mais fácil.
A primeira faixa do álbum, “the sleeping prophet” é baseada no profeta Edgar Cayce, um dos maiores paranormais da America, que possuía a habilidade de prever o futuro enquanto dormia. De fato, os vocais sussurrantes que aparecem em quase toda a musica se assemelham á previsões do futuro, embora seja praticamente impossível  entender alguma palavra proferida. Essa musica chega a ser bem tradicional, com um riff dominante que lembra vagamente a musica The Smiler, da banda  Teeth of Lion Rule the Divine, com a diferença de aqui o clima tem um quê de jazz, com uma guitarra secundaria fazendo inúmeros solos atonais que se perdem em meio ao peso da guitarra principal, sendo que é necessário extrema atenção para conseguir ouvir cada nuance da faixa.
A segunda composição, Sculpture, é a mais sombria do álbum, com clima enigmático que se torna mais denso quando mais uma improvisação jazzística contracena com o instrumento principal, criando uma atmosfera que remete ao álbum Medicine, do musico de Dark Ambient/Drone, Mark Broude. Os vocais dessa faixa são mais falados, sussurrando frases que tornam a ambientação ainda mais enigmática.
A terceira e ultima faixa do álbum, alem de possuir um titulo enorme, R.U.I.N.S. (Rise of the Ultimate Impurity from Negative Spectre) é a musica mais longa do CD, possuindo mais de vinte e cinco minutos, e não possui vocais, e na verdade nem precisa; Os instrumentos já falam por ela. O grande diferencial dessa musica em relação ás outras faixas, é que ela vai se desenvolvendo aos poucos, mudando de forma bem sutil a ambientação. A faixa começa com uma sonoridade Ambient, com um clima melancólico, que vai se tornando mais apocalíptico quando uma guitarra super pesada (a lá Nadja) contracena com o instrumento de apoio, criando uma espécie de marcha hipnótica que continua até mais ou menos o meio da musica, que a partir de então, é dominada por paredes sonoras bem densas e melancólicas ao mesmo tempo. No final da musica, uma espécie de teclado fúnebre entra em cena, preparando terreno para o final épico.
Pra finalizar, aviso que esse álbum é excelente, levando a musicalidade do Black Sun Void a um outro patamar de qualidade. Se você aprecia Sunn O))), Nadja, Earth e Asva, precisa baixar esse álbum.

01 The Sleeping Prophet - 18:58
02 Sculpture - 12:44

03 R.U.I.N.S. (Rise of the Ultimate Impurity from Negative Spectre) - 26:07

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TENTACLE

TENTACLE - Void Abyss

 
Gênero: Drone Doom/Sludge/Stoner
Ano: 2012

TENTACLE é uma daquelas bandas que pode impressionar já no primeiro acorde, contendo aquela atmosfera setentista que todo apreciador de um bom Doom Metal adora.
Black Abyss é o primeiro álbum dessa banda, e até o momento o único. Na verdade taxar esse cd de “álbum” é um tanto errôneo, pois o tempo total das quatro faixas mal ultrapassa os trinta minutos, sendo que seria mais fácil considerá-lo como um EP, no entanto, como eu não disponho de informações mais aprofundadas da banda, prefiro deixar as coisas como estão.
Como já dito acima, as quatro faixas possuem uma aura setentista muito agradável, que chega a lembrar vagamente o Black Sabbath (principalmente os vocais), e principalmente, o Eletric Wizard. A timbragem dos instrumentos é bem suja, no melhor estilo Stoner. A produção é um tanto mediana, mas a criatividade dos riffs compensa essa pequena deficiência e o peso da guitarra chega ser extremo em alguns momentos, embora sempre estejam numa altura que não interfere no equilíbrio da cozinha. Portanto, se fosse pra descrever o gênero dessa banda num único estilo, eu escolheria o sludge doom, pois esse álbum possui características semelhante ao de varias outras bandas do gênero, com a diferença de que há algumas leves pitadas de drone aqui e ali, e isso é bom sinal, pois a banda pode agradar um publico mais amplo.
A primeira faixa do álbum, Ram-Headed Serpent, tem uma atmosfera mística, com levadas tradicionalmente stoner, e aquele vocal no melhor estilo Black Sabbath da fase Ozzy.
Alone in my Grave é uma das faixas mais legais do álbum, contendo riffs bem sententistas, com um vocal que lembra o estilo empregado pelo Acrimony, que fica entre um meio termo entre o vocal gritado e o rasgado.
A terceira faixa é a mais viajante, possuindo um clima espacial, lembrando em alguns momentos o álbum Come my Fanatics, do Eletric Wizard.
A ultima faixa também possui um clima viajante, mas com uma ambientação mística, como a primeira musica.
É um álbum competente, que pode agradar aqueles que curtem Eletric Wizard, Winter, Cough e até Burning Witch.
O único ponto negativo do álbum ao meu ver, é a falta de solos; algumas musicas praticamente imploram por melodias virtuosas mas infelizmente não há nenhuma. Destaque para a capa, simplesmente fenomenal!

01 Ram-Headed Serpent - 06:22
02 Alone in my Grave - 06:30
03 Talking, Bending, Dripping, Breaking - 07:00

04 The Ruler of All Space and Time - 06:23

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quarta-feira, 27 de julho de 2016

Black Sun Void - Waves of Blood

Gênero: Drone/Dark Ambient/Noise
Ano: 2016

O segundo álbum do Black Sun Void, é sem sombra de duvidas, o mais extremo de sua discografia de dez álbuns, e nenhum outro álbum da banda chegou á uma sonoridade tão extrema e cortante quanto este.
O debut da banda, PeacefulNightmares, seguia uma orientação musical mais voltada para o Doom Metal, e parecia que este seria o caminho obvio que a banda seguiria em suas experimentações musicais, no entanto, Waves of Blood, segue numa orientação extremamente diferente do álbum anterior, bem mais experimental, com faixas mais longas, e sem nenhuma presença de vocais nas musicas.
De certa forma, daria pra dizer que esse álbum é basicamente um “ Earth 2 - Special Low-frequency Version, pois a direção musical é extremamente minimalista, com uma única guitarra altamente distorcida construído toda a parede sonora que constitui a cerne do álbum. Talvez o mais intrigante seja notar que as musicas, quando comparadas com o álbum anterior, não tem uma sonoridade tão voltada para o Doom Metal, e sim mais puxado para o Dark Ambient sem todo aquele peso tradicional do Drone Doom Metal, sem mencionar que, por todo o álbum é possível perceber sinais de Black metal, Noise e até de punk.
O álbum, sendo bizarro do jeito que é, pode ser de difícil digestão para aqueles que nunca escutaram estilos mais extremos como o Drone, portanto aconselho a esses que procurem o primeiro trabalho da banda, que é bem mais musicado. Por outro lado, se você já está acostumado com todo o tipo de bizarrice sonora que gêneros como o Drone e o Dark Ambient, então sejam bem vindo ao mundo estranho de Waves of Blood.
A primeira faixa do álbum, “Red Sunlight” tem um começo mais tradicional, quase roqueiro por assim dizer, mas não se engane; antes dessa faixa chegar na metade, ruídos e distorções irão aparecer, tornando a atmosfera bem densa e caótica. Esse caos chega ao ápice nos momento finais, quando um som semelhante a um enxame de moscas entra em cena, terminando a musica de forma um tanto brusca.
 A segunda faixa do álbum, “Bleeding Fields“, com seus dezessete minutos é a maior do álbum, e se inicia com um timbre extremamente cortante, que pode ser um tanto incomodo para os mais sensíveis. Durante os primeiros minutos, essa musica lembra um pouco os trabalhos mais extremos da banda de Noise/Drone Boris, com uma melodia que se assemelha a um solo de guitarra repleto de ecos e distorções enigmáticas. Esse clima muda quando a faixa chega mais ou menos na metade, se tornando menos pesada e um pouco mais melódica, e até rápida, com um clima surpreendente.
A terceira faixa, é onde se encontra o ápice da experimentação do álbum, possuindo um clima maligno e obscuro mais voltado para o gênero Dark Ambient, com instrumentos altamente distorcidos, num clima sufocante que se torna hipnótico conforme a musica se desenvolve. Se você já ouviu o segundo álbum do Sunn O))), o espetacular Flights of Behemoth, vai achar essa faixa bem parecida com o clima extremo que permeia o clássico álbum. Talvez o maior mérito dessa faixa, seja dar a real impressão de que uma motosserra esta sendo afiada, e que a qualquer momento, ela se aproximara do seu pescoço pra então cortá-lo bem lentamente. Pode acreditar! Escute essa musica durante uma madrugada em que esteja sem sono e comprove! Você provavelmente vai sentir na pele o que é o terror de ter a cabeça decepada!
A ultima faixa, a mais musicada do álbum, é uma releitura da musica A Bureaucratic Desire for Revenge, da primeira banda de Drone Doom da historia; o lendário Earth. É uma homenagem bacana, que finaliza o álbum de forma digna.

Pra fazer o download do álbum pelo bandcamp, é só clicar em “digital álbum” e em seguida, digitar o valor 0.00. Um link vai aparecer logo abaixo do campo do valor. É só clicar.

01 Red Sunlight - 05:07
02 Bleeding Fields - 17:10
03 Sharpening the Chainsaw in a Cave (To Cut Your Head) - 16:12

04 A Bureaucratic Desire for Revenge ( Earth cover) – 09:11


DOWNLOAD bandcamp
Oneirodrome - Sunwashed

 
Gênero: Ambient/Drone/Guitar Ambient
Ano: 2016

Oneirodrome é uma banda Ambient, que pratica um som semelhante ao de bandas como Star of the Lid A Winged Victory for the Sullen, com uma sonoridade extremamente relaxante, assim como as duas bandas que citei acima. O grande diferencial no entanto, é que o som dessa banda, (formada por um único membro, até onde sei) é mais introspectivo, melancólico e até enigmático de maneira extremamente competente. Como é comum no gênero Warn Drone, as canções a primeiro momento podem ser muito parecidas, mas basta uma ouvida com atenção para ver que cada uma delas tem alma própria, levando o ouvinte para lugares calmos e reflexivos e algumas vezes até sombrios.
Sunwashed é o álbum de estréia da banda, que chegou a lançar um EP antes do álbum oficial, que é levemente mais sombrio que este álbum.
Como o foco aqui é o álbum de estréia, e não o EP, vamos nos concentrar nele. O álbum começa com uma faixa extremamente tranqüila, que serve de preparação para o que esta por vir. A faixa seguinte, muda sutilmente a tranqüilidade, para alguma coisa mais melancólica e esperançosa. A terceira, Wood Glade, conforme a proposta do álbum, continua calma, com algo mais tradicional encontrado no estilo Ambient, sendo que é até possível escutar algo semelhante ao som de uma praia enquanto notas sustentadas por efeitos levam o ouvinte até alguma paragem desolada.
A partir de Warn Glow, a ambientação de paz começa dar lugar á alguma coisa mais enigmática, com sonoridades que dão a impressão de estar perdido em uma floresta enevoada. Esta é uma das que mais gostei no álbum. A seguinte, Quietude, é a mais introspectiva das faixas, com um clima que leva o ouvinte a um estado de profundo vazio reflexivo, e eu diria que é a faixa que mais tem a ver com o gênero Drone, com algumas reverberações acontecendo conforme a musica se desenvolve.
Por fim, a ultima musica, Disenchantment é sem sombra de duvidas, a mais sombria do álbum, com um clima soturno e enigmático, que fecha o álbum da melhor maneira possível.
Se você gosta de musica ambiente, provavelmente vai gostar do álbum, contudo, se nunca ouviu esse gênero, aconselho a escutar essas musicas enquanto estiver fazendo alguma coisa, assim você pode se acostumar e então, apreciar o gênero de uma forma mais profunda. Até a próxima!

01 Sunwashed - 05:31
02 I Almost Remembered - 04:41
03 Wood Glade - 04:24
04 Warn Glow - 05:27
05 Quietude - 04:16
06 Disenchantment - 04:41

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Black Sun Void - Peaceful Nightmares

 
Gênero: Drone/Dark Ambient/Doom Metal
Ano: 2016

Black Sun Void é uma banda de Drone Doom/Dark Ambient formada no final de 2015 pelo guitarrista Mateus Henrique, responsável por toda a produção das musicas e até mesmo pelas artes de cada um dos álbuns.
Por ter um único membro em sua formação, essa banda basicamente é um projeto musical independente, onde quase todo tipo de experimentação que visa explorar as varias facetas do estilo Drone, acontecem. Apesar do pouco tempo que a banda possui de estrada, ela já possui uma discografia extensa, com a invejável marca de dez (!!!) álbuns gravados (sim todos eles foram gravados nesse curtíssimo período de tempo). Isso certamente a coloca como a banda com a maior quantidade de álbuns gravados no menor tempo possível, uma marca impressionante para uma banda de Drone.
Com uma discografia extensa, é perfeitamente normal que eu decida fazer uma breve analise de cada um dos do álbuns da banda, começando com o primeiro. Todos os álbuns já estão disponíveis de forma gratuita no bandcamp, de maneira que você já pode baixar todos se assim desejar. No entanto, pretendo postar um por vez aqui no blog, para analisá-los de maneira mais profunda.
O primeiro álbum, Peaceful Nightmares, foi uma excelente estréia, pois é variado, com experimentações diferenciadas, chegando a ter algumas musicas semi-acústicas, algo raro no gênero Drone. Por sinal, o álbum, apesar de ser claramente um Drone Doom com elementos de Doom Metal, no melhor estilo de bandas como Sunn O))), Earth e até mesmo Jesu, há algumas sonoridades mais distintas, como na musica “Interludium” ( a mais curta do cd, com pouco mais de um minuto e meio) que é praticamente um Dark Ambient com fortes influencias de musica eletrônica. Com exceção dessa faixa que citei, todas as outras usam guitarras distorcidas, semi-acústicas e baixos pesadíssimos, alem de vocais que em certos momento lembra de maneira sutil o trabalho de alguns artistas do estilo Shoegaze.
Sem mais delongas, vou tentar fazer uma analise de cada uma das cinco faixas presentes no álbum.
A primeira faixa, “Slumber”, tem uma introdução que me lembra os primeiros trabalhos do Earth, com a diferença de que há mais melodia, com um clima sombrio e melancólico ao mesmo tempo. É uma ótima musica que acaba de maneira brilhante, com um vocal que me lembra um pouco o estilo usado no primeiro álbum da banda Jesu.
A segunda faixa, “Hypnotized (Pictures Look Me)” provavelmente é a mais pesada do cd, contendo atmosferas que vão se intercalando de maneira suave; começando com um clima soturno sustentado por um riff hipnótico, e logo que o vocal entra, a musica se torna mais viajante, principalmente quando os vocais se tornam mais agudos e suaves. Então, cinco minutos depois, após todos os vocais cessarem, a ambientação da musica muda de forma drástica, levando o ouvinte para uma dimensão mais sombria, onde uma guitarra semi-acústica mesclada com outras mais distorcidas, criam um clima de terror crescente. Na minha opinião, essa é a melhor faixa.
A terceira, “Dream I ( Apathetic Memories)" é a faixa mais calma do álbum, onde instrumentos acústicos ditam os termos, criando um clima melancólico e ao mesmo tempo onírico, quase monolítico pela repetição quase interminável dos primeiros acordes, que acompanham a musica por toda sua extensão.
A quarta faixa como já citei antes, é a mais curta do álbum, e de fato serve de interlúdio para a próxima faixa, como se fosse um despertador distorcido preparando o ouvinte para a ultima musica do álbum. É de longe, a mais experimental.
“Hipnos Watches You (wake & sleep)” é ao mesmo tempo, uma das faixas mais diferentes e familiares que já ouvi no gênero drone, com um começo acústico extremamente grave, onde um clima de hipotética paz é quebrado aos poucos por uma guitarra hipnótica que lentamente vai se tornando o antagonista com um timbre que me lembra alguns trabalhos do Sunn O))), até se perder num silencio quebrado apenas pelos acordes enigmáticos da guitarra semi-acústica. É uma musica espetacular, que termina o álbum de forma magistral, ainda que seja bem longa.
Para baixar o álbum é só clicar nos links abaixo e se possível deixe seu comentário. Vai ser um prazer ler a sua opinião sobre o álbum.
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P.S: na minha próxima resenha da banda, vou analisar o álbum “Waves of Blood”, o mais extremo da banda. Obrigado pela atenção e até lá!

 01 Slumber - 08:18
02 Hypnotized - 11:23
03 Dream I (Apathetic Memories) - 09:54
04 Interludium (Warn?) - 01:45
05 Hypnos Watches You (Wake & Sleep) - 14:51


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